"Sou
eternamente culpada pela maldição que carrego no meu ventre sujo.
É
culpa da minha pele macia o teu olhar me devorando.
Tenho
que agradecer pela baba que escorre da tua boca machista direto pro meu seio
volumoso, afinal, quem mandou ser gostosa?
Devo
fazer a janta pro meu marido que chegará cansado, mas ainda terá forças pra me
dar mais um soco porque está bêbado, coitado.
Não
posso sentir nojo da mão que aperta a minha bunda no metrô lotado, não posso
gritar porque a minha roupa era curta demais, não posso abortar os filhos que a
escória do mundo fez em mim, pois meu corpo foi feito só pra carregá-los, não é
meu o meu corpo feito só para servir.
Não é meu o meu corpo.
Não é meu o meu corpo.
Como pode não ser meu o MEU corpo?
Grito liberdade e clamo pela fogueira, que ela queime a
podridão das línguas que me lamberam e depois lamberam os dedos, que não reste
nada fora o ódio ecoando na tua cabeça fraca.
Meu corpo é MEU!
Meu corpo é MEU!"
Ana Beatriz Oliveira
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